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Bolsa sobe 31,19% no ano

Após persistir em uma longa trajetória de queda iniciada no final de 2010, a bolsa brasileira experimenta em 2016 dias de euforia que começam a alimentar entre analistas a expectativa de uma reversão de ciclo. Amparados primeiro na mudança sinalizada com a troca no comando do Palácio do Planalto e depois com os sinais iniciais de estabilização da economia, investidores brasileiros e estrangeiros inverteram a mão e voltaram às compras.

No ano, o índice Ibovespa tem alta acumulada de 31,19% até 25 de julho. No mês, a valorização chega a 10,3% e as apostas indicam que há espaço para avançar mais até o final de 2016. Semana passada, engatou 10 pregões consecutivos de alta, o que não se repetia desde 2010.

 

Com a reconhecida capacidade de antecipação a mudanças na economia, o mercado financeiro fez o primeiro movimento forte na bolsa brasileira no início do ano, com a percepção de que cresciam as chances de impeachment de Dilma Rousseff. A troca de governo, avaliavam os investidores, significaria a possibilidade de sair mais cedo das crises política e econômica e uma gestão mais pró-mercado (como aceno para concessões e privatizações) e preocupada com o reequilíbrio das contas públicas.

Depois, houve um voto de confiança no governo interino de Michel Temer, alicerçado principalmente na boa aceitação da equipe econômica escalada pelo peemedebista, além de projeções menores para inflação, queda não tão aguda do PIB em 2016 e algum crescimento em 2017, expectativas também influenciadas pela melhora nos indicadores de confiança de empresários e consumidores.

— Aconteceu que caminhávamos, até o início deste ano, para o abismo. A mudança de governo alterou essa trajetória. Melhoram as expectativas, a economia parou de piorar e em algum momento vamos começar a apresentar crescimento — diz Frederico Sampaio, diretor de renda variável da Franklin Templeton, lembrando que essa mudança de cenário indica aumento do lucro das empresas no futuro.

Embora o principal fator a impulsionar a bolsa brasileira seja interno, o Exterior também ajuda, avalia Celson Plácido, estrategista-chefe da XP Investimentos. O especialista lembra que, com grandes economias diminuindo o crescimento, bancos centrais têm instituído até juro negativo e tentado revigorar a atividade com injeções de liquidez. Isso aumenta a disponibilidade de dinheiro e o apetite para investir em ativos de risco, em busca de maior retorno, como ações. Outro impulso veio do mercado americano, com os principais índices (Dow Jones e S&P 500, da bolsa de Nova York) renovando máximas históricas nas últimas semanas.

— No nosso relatório de maio, quando o Ibovespa estava em 48 mil pontos, dissemos que a bolsa poderia chegar no final do ano aos 60 mil pontos. Poderia chegar aos 70 mil se fossem encaminhadas ao Congresso algumas reformas — pondera Plácido.

Mesmo lembrando o risco de fazer previsões, Leandro Ruschel, diretor da Liberta Global, especializada em investimentos no mercado internacional, avalia que, se a bolsa brasileira mantiver o atual ritmo de alta, há potencial para alcançar os 64 mil pontos.

— Com o impeachment definitivo de Dilma cada vez mais provável, estabilização do cenário político com a montagem de uma equipe econômica muito competente e apresentando uma postura ortodoxa, os investidores enxergam luz no fim do túnel — observa Ruschel, lembrando a definição ainda pendente no Senado sobre o futuro de Dilma e Temer.

 

Via Zero Hora

 

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